

Um ex-servidor do Instituto Brasileiro de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), identificado como Nilson Tadeu Isola Lago Júnior, virou alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF) após o desaparecimento de 48 armas e de uma lancha de posse do órgão ambiental. Uma das pistolas foi encontrada com um traficante associado ao Comando Vermelho.
Segundo informações da coluna Tácio Lorran, do Metrópoles, o “sumiço” aconteceu enquanto Nilson ainda era chefe da área de fiscalização do Ibama. O investigado pediu demissão do órgão em setembro de 2024.
Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão no último dia 23 de janeiro, em Porto Velho (RO). Na ocasião, policiais encontraram várias munições de uso restrito escondidas no compartimento interno da cama dele, além de objetos institucionais como uniforme, colete balístico, carteira funcional e crachá.
Nilson chegou a ser preso por posse ilegal de munições, mas foi liberado após pagar fiança de R$ 15 mil. Ele foi notificado administrativamente pelo Ibama duas vezes para a devolução dos equipamentos. Diante da recusa, o órgão denunciou o caso à Polícia Federal e recorreu à Justiça para recuperar a arma.
Desaparecimento da lancha
A lancha desaparecida, com capacidade de oito lugares, foi apreendida em uma operação conjunta da PF e Ibama contra o garimpo ilegal, em meados de dezembro de 2023. A embarcação, porém, não foi destruída como outros equipamentos, e acabou ficando sob a responsabilidade do Ibama. Nilson informou que levaria a lancha até o pátio do órgão ambiental, mas ela nunca chegou ao destino.
No mesmo mês, o ex-servidor teria retirado das dependências do Ibama um total de 48 armas artesanais e 26 lotes de munição. O material tinha sido apreendido nos últimos anos pelo Ibama com garimpeiros, grileiros, invasores de terra e desmatadores.
No dia do furto, Nilson chegou antes do horário do expediente e, ao ser flagrado por um servidor, afirmou que estaria levando as armas para a PF para um suposto treinamento. No inquérito, a polícia afirma que os armamentos e munições não tiveram esse destino ou sequer foram devolvidos.
Arma em posse de traficante do CV
Uma das pistolas roubadas por Nilson foi encontrada em posse do traficante José Heliomar de Souza, associado ao Comando Vermelho, durante a Operação Puritas, deflagrada em novembro de 2024. De acordo com as investigações, ele é líder de uma organização criminosa formada por policiais militares e rodoviários federais para o tráfico internacional de drogas.
Alvo da mesma operação, um agente baiano da PRF, identificado como Diego Dias Duarte, foi acusado de transportar cocaína para a facção criminosa. Segundo a polícia, ele e o colega de farda Raphael Angelo Alves da Nóbrega cobravam até R$ 2 mil por quilo da droga.
Os policiais obedeciam aos comandos de José Heliomar de Souza, vulgo Léo, apontado pela PF como mentor intelectual, coordenador e líder do CV em Porto Velho, Rondônia.
Além de realizar o transporte de centenas de quilos de cocaína, os policiais também eram responsáveis por utilizar informações “sensíveis” e “sigilosas” para beneficiar a facção criminosa, como saber quando e onde aconteceriam as “blitzes” e operações, além de apontar rotas alternativas.
Em depoimento, o ex-servidor do Ibama alegou que havia devolvido a pistola ao órgão ambiental e que não era a mesma arma que estava com o traficante. A Polícia Federal, porém, localizou na casa dele o “case”, dois carregadores e o registro da arma que foi encontrada com José Heliomar.
Divulgação/PF