

Ao longo dos séculos, as fardas da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) passaram por transformações que marcaram não só a história da corporação, mas também as mudanças políticas e sociais do Brasil. Cada nova fase trouxe ajustes no vestuário, adequando-se às exigências do momento e reforçando a presença da polícia nas ruas.
Em 1825, um decreto publicado no Diário Oficial do Império determinou que o uniforme da Corpo de Polícia da Província da Bahia, como a PM era chamada, seguisse o modelo da Guarda Real da Polícia do Rio de Janeiro, a primeira polícia do Brasil.
Com isso, o uniforme imperial foi adotado até 1830, marcando o início de uma história de constantes transformações no vestuário da corporação, que reflete tanto a evolução da PM-BA quanto os momentos históricos do país.
Desde os padrões militares europeus do século XIX, até as inovações do século XXI, os uniformes da PM-BA passaram por adaptações que atendem às necessidades operacionais e reforçam a identidade da corporação.

No século XIX, os uniformes eram fortemente influenciados pelos padrões militares europeus, com cores escuras e cortes formais. Durante esse período, os trajes compostos por casacos longos e calças ajustadas, predominantemente azuis e com detalhes em branco, simbolizavam lealdade e pureza, além de refletirem a autoridade e disciplina exigidas em um Brasil ainda em processo de afirmação de sua identidade nacional. Os chapéus de abas largas, usados para proteger a cabeça dos policiais, também integravam o fardamento e conferiam à tropa uma presença marcante nas ruas.

Com o passar do tempo, as fardas da PM-BA passaram por constantes mudanças e modernizações, mas sempre em conformidade com o que determinava o regimento militar. “Nós somos regidos por um regulamento de uniforme. É esse regulamento que dita o que o policial militar deve usar”, explicou o tenente-coronel Raimundo Marins, historiador e chefe da Coordenação de Documentos e Memória da PM-BA.
A partir da década de 1830, os fardamentos sofreram mudanças significativas, e foi nesse período que a PM da Bahia adotou, pela primeira vez, o próprio uniforme, usado até 1850. Entre 1862 e 1865, oficiais e praças passaram a utilizar uniformes iguais, enquanto anteriormente usavam calças diferentes para distinguir quem era praça e quem era oficial.

Entre 1920 e 1940, os policiais passaram a utilizar fardamentos na cor cáqui, com botas que complementavam o uniforme utilizado no combate ao cangaço — movimento de banditismo social que ocorreu no Nordeste do Brasil e teve Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, como um dos principais líderes de grupos cangaceiros.
Nas décadas seguintes, o uso de coturnos, calçados mais resistentes e adequados para diferentes terrenos, foi incorporado ao uniforme nos anos de 1960 e 1970. O famoso ‘azulão’ introduziu a cor azul escura nos uniformes da PM da Bahia, sendo utilizado de 1970 a 1990. À época, o azul escuro era considerado a cor internacional das forças policiais.
Em 1990, o ‘azulão’ foi substituído por outro tom de azul: o azul petróleo, que foi adotado até 1998. Foi também na década de 90, em meio às constantes transformações, mais precisamente em abril de 1990, que a primeira turma de mulheres ingressou na instituição.

De 1998 a 2016, a cor cáqui retornou aos uniformes da PMBA. Nesse período, as mudanças continuaram, e, em 2016, as boinas passaram a substituir os gorros de pala, enquanto os suspensórios e braçais foram incorporados ao fardamento dos policiais. A última atualização do padrão militar ocorreu em 2022, quando os tons de preto começaram a fazer parte do uniforme, trazendo mais valorização e uniformização aos equipamentos da instituição. A utilização de insígnias — símbolos que representam conquistas e compromisso com a corporação e são usados para diferenciar os cargos dentro da instituição — deu um toque especial e particular ao uniforme de cada militar.
Além dos fardamentos operacionais, a PM baiana também conta com roupas de passeio e de gala, além das vestimentas camufladas, usadas pelos policiais de grupamentos de operações especiais.

Segundo o tenente-coronel Marins, as atualizações nos uniformes da corporação não são por mera vaidade, mas por necessidade e para atender às demandas impostas pelo trabalho. “Há uma necessidade de aperfeiçoar o uniforme, de modificar e, até mesmo, criar um novo, a fim de atender às circunstâncias do momento, ao terreno, ao tipo de policiamento para o qual aquele efetivo se destina. Como exemplo, temos o policiamento de caatinga, que exige um uniforme pensado especificamente para essa atividade”, explicou Marins.

Devid Santana/ Sargento RR/C PM Paulo Magno/ Arquivo PMBA