

O agricultor e empresário baiano Moisés Schmidt está desenvolvendo, no oeste da Bahia, um método de produção de cacau que pode transformar a cadeia de produção agrícola no mundo.
Schmidt também é o atual presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), um dos polos agrícolas de maior desempenho no Matopiba — fronteira agrícola que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia —, onde atuam cerca de 1.300 produtores que cultivam aproximadamente 2,25 milhões de hectares.
Além da liderança na Aiba, Schmidt, detém com o irmão David Schmidt, administra a Schmidt Agrícola, em Barreiras, área de 35 mil hectares dedicada à produção agrícola
Em 2019, os irmãos decidiram diversificar a produção de banana da família e investir no cultivo de cacau. O objetivo é ocupar 10 mil hectares com a matéria-prima do chocolate, o que pode tornar o empreendimento a maior fazenda de cacau do mundo.
“O risco é real: as próximas gerações podem não conhecer o chocolate como conhecemos hoje”, alerta Moisés, em entrevista à Forbes. Segundo ele, a escassez global de cacau é tão severa que já se fala em doces feitos majoritariamente de açúcar, gordura de palma e trigo. “Se não agirmos agora, a indústria terá de reformular seus produtos”, reforça.
Anna Paula Losi, presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), lembra que Cargill, Barry Callebaut, Olam Food Ingredients (OFI) e a Indústria Brasileira de Cacau (IBC) concentram cerca de 95% do processamento global. “Sem mudar o cenário, podemos parar fábricas por falta de matéria-prima”, alerta.
Foi observando esse cenário que os irmãos Schmidt desenvolveram um modelo de produção irrigada a sol pleno, rompendo com o cultivo tradicional em áreas sombreadas. “As indústrias precisam do volume e da regularidade que o Brasil pode oferecer”, destaca Moisés.
O investimento inicial é de R$ 200 mil por hectare, incluindo preparo do solo, irrigação, mudas e tratos culturais nos primeiros três anos. Além disso, já foram aportados R$ 25 milhões na criação de um viveiro próprio, o BioBrasil, hoje o maior do mundo, com capacidade atual de 3,5 milhões de mudas anuais e meta de alcançar 10 milhões até 2027.
“O cacau é uma cultura que sempre foi vista como de pequenos produtores, mas que tem um enorme potencial de escala para o mercado ser deficitário no Brasil e a demanda internacional cresce em ritmo acelerado”, diz Schmidt.
A produtividade das lavouras da empresa anima o mercado de agronegócio do mundo. Nos cálculos iniciais, o produtor considerou a produção de 200 arrobas de amêndoas por hectare, mas a expectativa agora é dobrar esse número, chegando a até 400 arrobas (ou 6 toneladas por hectare).
Reprodução/Agência Brasil