

Como forma de protestar contra a venda de uma área verde na orla da capital baiana, a bancada de oposição da Prefeitura Municipal de Salvador realizou um ato, na manhã desta terça-feira (29), para se manifestar contra a venda do terreno. Junto ao edil da câmara, estiveram também presentes o Fórum a Cidade Também é Nossa e o movimento SOS Áreas Verdes.
Entre os vereadores, Aladilce Souza (PC do B) falou ao BNews sobre o ato e o motivo de realizá-lo nesta manhã em específico.
“Olha, nós fizemos questão de marcar esse ato aqui porque a prefeitura convocou através de edital o leilão para a venda dessa área hoje às dez horas da manhã. Então, marcamos esse ato aqui. Nós estamos aqui o movimento SOS, áreas verdes e públicas. Salvador não está à venda com várias entidades ambientalistas, entidades de arquitetura e urbanismo e outras entidades do movimento social para dizer ao prefeito que Salvador precisa ser preservada”, explicou.
“Não é possível que a gente tenha mais prédios aqui nessa área. A orla já está virando um cinturão de cimento, um paredão de cimento, e é preciso que a gestão mude de estratégia”, acrescentou.
A vereadora também rebateu o prefeito de Salvador, Bruno Reis, que afirmou que a oposição estava fazendo fake news contra a prefeitura. Aladilce ressaltou que os documentos do leilão não foram divulgados.
“O prefeito diz que nós fizemos fake news, mas nós viemos aqui mostrar que não é possível que uma área desse tamanho comporte apenas um aquário, como ele diz. Então, se alguém está fazendo fake news, não é o movimento. O prefeito não nos disponibiliza os documentos, o processo administrativo desse leilão, como nós pedimos, para sabermos qual é mesmo o projeto. Não é possível mais que a gestão continue fazendo, tomando medidas urbanísticas que prejudicam a cidade sem debater com a sociedade”, afirmou.
A questões do clima também foram ressaltadas por Aladilce, que teme que com o avanço dos prédios a temperatura da cidade se eleve.
“A cidade não é do prefeito, a cidade é de todos, nós temos um conselho da cidade que não funciona e a Câmara Municipal fica sem as informações necessárias para nossa missão, que é de fiscalizar o Executivo. Nós estamos aqui marcando o protesto e vamos continuar, porque queremos que Salvador seja essa cidade, que tem essa ventilação que vem aqui do Atlântico, ela continue entrando na cidade. E com o paredão de prédios, como já está acontecendo aqui, não é possível”, discorreu.
“Então, nada nos garante que no edital que está colocado no site da CEFAES, fala que é destinado a uma área multiuso, multiuso inclui também prédios, inclui construções, não só um acionário. Então, é preciso que fique claro que haja um debate transparente na Câmara Municipal, que é a Câmara que representa o povo e a soberania da cidade”, afirmou.
Recentemente, a orla passou por um processo de requalificação o qual também foi criticado pela vereadora que afirmou que parte da vegetação foi retirada.
“Olha, é só a gente pegar as fotos antigas de 2005 para cá, vai ver, vai ver que essa área tinha verde e ele foi sendo reduzido e nesse processo de requalificação os últimos coqueiros e grama foram retirados, então foi a prefeitura que retirou o verde daqui, mas nada impede que a prefeitura replante, e replante inclusive mais coqueiros, replante a vegetação de restinga que foi tirada aqui, é isso que a gente precisa, nós precisamos que a natureza retorne, nós precisamos olhar para a emergência climática”, disse.
A atualização do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) também entrou na pauta tratada pela política, que afirmou a necessidade de serem incluídas as áreas verdes. Aladilce também afirma que o prefeito está aproveitando as brechas para poder realizar leilões e vender as áreas para parceiros.
“Obrigatoriamente as áreas verdes têm que entrar. Está fazendo, é correndo para fazer os leilões, correndo para vender, correndo para privilegiar os seus amigos e sócios do mercado imobiliário antes do PDDU, antes de ter o debate do PDDU. Nós precisamos, sim, revisar o PDDU, precisamos de um PDDU que enfrente a desigualdade de Salvador, que é uma cidade perversa com os mais pobres, enfrentar desigualdades, enfrentar violência, enfrentar os problemas do acesso às políticas públicas de educação, de saúde. Tudo isso passa pelo PDDU. O problema da mobilidade, que é grave em Salvador. Então, quando ele diz que não precisa de fazer reforma do PDDU, precisa sim, prefeito”, disse.
“Nós precisamos de um novo PDDU, um PDDU que esteja adequado aos grandes desafios que Salvador tem, porque planejar é pensar na ocupação dos espaços e na dinâmica da cidade que a gente precisa para que seja uma cidade boa e dê uma vida digna para todos e todas”, completou.
Daniel Serrano | BNews