

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) temem que a agenda do Executivo seja travada diante da aliança que partidos do centrão costuram em torno de uma candidatura de direita para 2026. O temor, em especial, diz respeito à isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 — uma das principais pautas governistas.
A proposta do IR foi aprovada em comissão especial no mês de julho, mas não avançou desde então. Ela ainda precisa ser votada no plenário da Câmara antes de seguir para o Senado. A cúpula governista acredita que deva haver uma pressão em torno da pauta da anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelas ações do 8 de Janeiro.
Nesta semana, as cúpulas do Progressistas (PP) e do União Brasil anunciaram o rompimento com o governo petista. As legendas determinaram que “detentores de mandato” deixem seus cargos na Esplanada até o próximo dia 30, sob risco de expulsão.
Governistas reconhecem que a saída do PP e União Brasil pode dificultar aprovação de projetos, já que o governo reduziria sua base oficial para 259 deputados — apenas dois a mais do que a metade. Diante da inelegibilidade de Bolsonaro, a direita tem se unido em torno da candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Uma amostra dos efeitos do desembarque foi vista no Senado, quando senadores do PP e do União Brasil votaram contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria novas regras para os precatórios. A proposta, que permite ao governo um gasto extra de R$ 12,4 bilhões em 2026, foi aprovada com o número mínimo de votos necessários.
Além disso, integrantes do governo temem que o avanço da articulação pela anistia aos condenados do 8 de Janeiro atropele a pauta, já que o debate impossibilita o andamento de outras matérias no plenário da Câmara.
Há também uma avaliação entre aliados do presidente de que os partidos de centro poderão atuar contra a agenda do governo, justamente para evitar que o petista possa ter ganhos eleitorais com essas medidas, principalmente no caso da isenção do Imposto de Renda.
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil