

O deputado federal Tarcísio Motta (Psol-RJ) foi ouvido nesta terça-feira (9) pelo Conselho de Ética da Câmara, no processo que decide se será cassado o mandato do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), que está preso por suspeita de ser o mandante do assassinato da então vereadora do Rio Marielle Franco (Psol) e do seu motorista, Anderson Gomes, em 2018.
Tarcísio era vereador na capital fluminense à época do crime, assim como Chiquinho, que, segundo o deputado do Psol, demonstrava em diversas oportunidades facilitar os interesses e atrapalhar os desafetos políticos da milícia.
“Eu fui líder da bancada do Psol por quatro ou cinco anos seguidos. O Psol queria um assento na Comissão de Assuntos Urbanos e a resposta era sempre a mesma: ‘o Chiquinho, por um acordo, tem a presidência [do colegiado] e ele não quer. Ele não permite a entrada no Psol’. Até 2009 a gente tinha assento na Comissão, ele assumiu a presidência em 2008, onde ficou 10 anos. Esse é um elemento para mostrar que esse lugar, onde eram discutidos projetos relacionados a questões fundiárias e de interesse da milícia, era um lugar interditado, orque lá eles poderiam agir em prol da milícia retirando obstáculos. […] De uma hora para outra Chiquinho entrava na pauta do dia com projetos que nós indentificávamos como favorecimento às milícias: expansão de loteamentos irregulares, com processo de regularização atropelado, e sempre com os interesses dos mesmos vereadores”, depôs Tarcísio.
O parlamentar do Psol ainda lembrou que essa não é a primeira vez que Chiquinho é relacionado com grupos paramilitares e atividades ilícitas. Ele foi citado no relatório final da CPI das Milícias, que foi realizada em 2008 na Câmara do Rio, pelo relator Marcelo Freixo, então vereador do Psol.
“Chiquinho é uma das pessoas que está citada no relatório final dessa CPI. Ele não estava no rol dos indiciamentos imediato, mas foi citado. Um dos vestígios da relação dele com a milícia é que a votação de Chiquinho era expressiva em locais dominados pela grilagem, por grupos paramilitares, como Rio das Pedras e Gardênia Azul. A maior parte dos votos dele vinham desses lugares”, disse.
Chiquinho Brazão e o irmão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Brazão, estão presos desde março, após delação premiada de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle e Anderdon, que apontou a dupla como mandante da execução.
O delegado Rivaldo Barbosa também foi preo, suspeito de participar do planejamento do crime e de atrapalhar as investigações.
BNews