

Após o Brasil ultrapassar os Estados Unidos e se tornar o maior exportador de algodão do mundo com a safra 2023/2024, meta que estava prevista para ser atingida somente em 2030, produtores e associações de produtores aumentaram ainda mais as expectativas quanto ao crescimento da cotonicultura baiana e brasileira.
O anúncio do novo feito brasileiro aconteceu no início do mês durante a 75ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e seus Derivados, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – ABRAPA, na safra 2023/2024 (de julho de 2023 a junho de 2024) o Brasil deve colher cerca de 3,7 milhões de toneladas de algodão beneficiado (pluma) e as exportações alcançarão cerca de 2,6 milhões de toneladas.
Além de ser o maior exportador de algodão do mundo, o Brasil também é o terceiro maior produtor do planeta. China e Índia ocupam as duas primeiras posições. No cenário nacional, a Bahia responde pela segunda maior produção do país, ficando atrás apenas do Mato Grosso.
Durante o ‘Dia do Algodão’, no último sábado (20), na Fazenda Orquídeas, do Grupo Schmidt, em Barreiras, o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA), Luiz Carlos Bergamaschi, falou com o BNews sobre expectativas e perspectivas da produção baiana do algodão para os próximos anos.
“O produtor vai continuar tendo o algodão como uma opção de plantio. O sistema de rotação de culturas ele é fundamental nesse processo e o mais importante é o mercado. Havendo mercado, havendo demanda pelo algodão, a Bahia tem condições de ampliar sua área, melhorar seu processo produtivo e entregando o algodão que o mercado sempre exige, que é de qualidade. E também produzindo de uma forma, que eu diria, responsável, tanto na questão ambiental quanto na questão social, trazendo o importante, uma longevidade para essa cultura, e entregando os resultados que o algodão tem entregue tanto aqui para o oeste da Bahia quanto para o próprio estado da Bahia”, disse.
Bergamaschi também comemorou o fato de o Brasil ter alcançado o topo da exportação mundial do algodão e defendeu a produção brasileira.
“Eu diria que é um trabalho que a agricultura brasileira tem feito, o algodão tem feito no Brasil, pelas suas vantagens, tanto climáticas, quanto as vantagens competitivas de produtividade e também por se atender o mercado nas suas exigências que ele tem. Soubemos que eles [Estados Unidos] tiveram um problema climático, então tiveram uma safra menor. O Brasil colheu bem numa área e eu sempre tenho dito que o importante sempre é valorizar o algodão, a cultura em si. É uma fibra têxtil importante, uma fibra têxtil natural e o Brasil, quanto os americanos, quanto os australianos, deve aprimorar o sistema produtivo e assim é promover o algodão produzido”, ressaltou Bergamaschi.
Também presente no ‘Dia do Algodão’, Alexandre Schenkel, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), em conversa com nossa equipe, celebrou a nova posição mundial do Brasil em exportação da fibra.
“Bom, nós temos aqui, esse ano foi uma grande notícia, nós podemos trazer que nós superamos os americanos em exportação e em produção também. Mas hoje nós somos o maior exportador de algodão do mundo, estamos atrás apenas da produção da China que é a maior produtora e também é a maior consumidora, como a Índia também, é a segunda maior produtora, segunda maior consumidora de algodão do mundo, e nós com essa capacidade nossa aqui de produzir. Nós temos hoje uma eficiência na produção aqui no Brasil, aqui no oeste da Bahia, que faz com que a gente ultrapasse outros países e principalmente essa eficiência que nós temos que continuar utilizando”, afirmou Alexandre.
Schenkel disse ainda que se deve investir em tecnologias para o Brasil consolidar esse primeiro lugar.
“Você me pediu nos próximos anos e nos próximos anos nós vamos continuar trabalhando em cima da tecnologia, nós vamos continuar evoluindo para que nós efetivemos o primeiro lugar em exportação e fazer o fruto desse trabalho todo que teve, com o aprendizado dos pioneiros do algodão aqui no oeste da Bahia, no cerrado brasileiro, fazer com que nós mantenhamos uma posição muito favorável para o Brasil. Hoje nós somos referência e queremos continuar fazendo, esse trabalho aí de trazer pessoas, envolver pessoas na produção do algodão”.
O presidente da ABRAPA ainda exaltou a cotonicultura baiana durante o ‘Dia do Algodão’.
“É muito bom poder estar trazendo aqui esse público na lavoura deste ano, que está acontecendo com uma produção muito boa. Isso é fruto do trabalho dos produtores, das tecnologias investidas aqui. É graças ao clima, ao solo que nós temos aqui no oeste da Bahia, e faz com que nós tenhamos essa maravilha”.
Os cotonicultores do oeste da Bahia, para a safra 2023/2024, plantaram algodão em 344,4 mil hectares, 9,3% a mais de área em relação à safra passada, que cultivou 312,5 mil hectares. Do total, 96,9 mil hectares são irrigados, compreendendo 28,1% da safra baiana.
Devido a fatores como as chuvas irregulares e abaixo da média, o plantio enfrentou um início conturbado e a Associação Baiana dos Produtores de Algodão registrou 11,5% de replantio, o que corresponde a uma área de 28 mil hectares.
Para Paulo Schmidt, um dos maiores produtores de algodão do oeste baiano, a cotonicultura baiana ainda irá crescer bastante e o Brasil precisa conhecer a potencialidade baiana e brasileira no que diz respeito à produção da fibra.
“A cotonicultura, principalmente a baiana, ela é muito eficiente. E ano após ano o produtor tenta fazer melhor aquilo que ele já faz muito bem, não só em eficiência e produtividade como em qualidade, trazendo o nosso algodão como um dos melhores do mundo hoje. Então, a perspectiva é que nós continuemos a crescer cada vez mais. (…) Nosso algodão hoje é exportado pra o mundo inteiro. E muitas vezes você chega em Salvador ou São Paulo e a pessoa não sabe que aquele algodão que ele tá consumindo é produzido aqui na Bahia, ou no Piauí, ou no Goiás, ou em algumas outras partes do país. Então, o que a gente busca constantemente? Que todos saibam da onde vem a sua cultura, da onde vem o algodão que todo mundo está usando. Pode ter certeza hoje que 99% do algodão brasileiro que é consumido, ele é produzido no Brasil. E a gente fica muito feliz com isso”, celebrou Schmidt.
*O repórter Lucas Pacheco viajou, a convite da ABAPA, para acompanhar o “Dia do Algodão” diretamente das cidades baianas de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães.
Lucas Pacheco / BNews