

A icônica trupe dos Trapalhões, formada por Renato Aragão, Zacarias, Mussum e Dedé Santana, é lembrada por suas piadas e risadas no palco, mas os bastidores da relação financeira entre os membros sempre geraram polêmica.
Um dos pontos mais discutidos ao longo das décadas foi a distribuição dos lucros dos filmes produzidos pela turma, especialmente no que diz respeito a Renato Aragão, que sempre teve a maior parte dos rendimentos. As informações são do portal LeoDias.
De acordo com documentos, as porcentagens da divisão financeira eram bastante desiguais. Renato Aragão, dono da empresa Renato Aragão Produções, ficava com a maior parte dos lucros, algo que foi constatado em contratos de filmes gravados entre 1981 e 1984. Aragão chegou a receber até 88% dos lucros de algumas produções, enquanto os outros integrantes da trupe recebiam valores significativamente menores.
A justificativa para essa concentração de recursos estava no risco financeiro que Aragão assumia com sua empresa. Fontes próximas ao grupo explicaram que, além de ser responsável pelos investimentos, ele também arcava com todos os custos relacionados à produção, como trâmites legais e negociações com distribuidores e patrocinadores. Portanto, caso algum filme não tivesse o sucesso esperado, o prejuízo ficaria exclusivamente com ele.
Em um dos filmes, “Os Vagabundos Trapalhões”, por exemplo, a divisão dos lucros foi de 82% para Renato Aragão, enquanto os demais integrantes ficaram com 6% cada um. Em outros projetos, como “Cinderello Trapalhão”, a divisão foi de 75% para Aragão e 25% para a empresa Demuza, formada por Dedé, Mussum e Zacarias. Mas, como revela uma das fontes, essas divisões nem sempre foram bem recebidas pelos membros do grupo.
Em 1983, a relação entre os Trapalhões e Renato Aragão passou por um grande atrito. Os colegas exigiram uma nova divisão, com maior porcentagem destinada a eles, e pediram para que os contratos fossem firmados nas pessoas físicas, e não através da Demuza. Mas, apesar das discussões, os contratos da época seguiam um padrão em que Renato Aragão ficava com a maior parte.
Um exemplo disso pode ser visto em contratos mais recentes, como o de “Os Trapalhões no Reino da Fantasia”, de 1985, onde Renato ainda manteve 79% dos lucros, enquanto Dedé, Mussum e Zacarias ficaram com 7% cada um. Além disso, outros fatores, como a remuneração dos diretores, eram ajustados à parte, fora dos acordos apresentados.
Renato Aragão era vilão?
Apesar da disparidade nas porcentagens dos lucros, fontes próximas à produção garantem que Renato Aragão nunca deixou faltar nada para seus colegas. Dedé Santana, por exemplo, tem o plano de saúde pago por Renato até os dias atuais e mantém uma relação amigável com o humorista. Segundo pessoas próximas a Dedé, a razão para ele não estar em uma situação financeira mais confortável seria, na verdade, a dificuldade em administrar os rendimentos que obteve com os filmes.
Outro exemplo foi o de Mussum, que, segundo um familiar, soube aproveitar bem os ganhos com a fama. A informação é de que Mussum teve uma vida confortável até o fim, com bens como uma lancha e viagens frequentes com a família de Renato Aragão.
Embora as questões financeiras tenham gerado discussões e brigas ao longo dos anos, as fontes ouvidas pela reportagem ressaltaram que, com o tempo, as diferenças foram superadas e os Trapalhões conseguiram preservar a amizade, apesar das divergências do passado.
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