

O ex-presidente e ex-senador Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira (25) em Maceió, após ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Collor foi detido às 4h da manhã quando se preparava para viajar para Brasília e se entregava à Polícia Federal. Ele está sob custódia da Superintendência da Polícia Federal de Maceió.
A prisão encerra mais um capítulo da trajetória marcada por escândalos desde o impeachment em 1992. Relembre, abaixo, alguns casos marcantes relacionados ao político.
Fiat Elba
A compra do carro Fiat Elba Weekend 1991 em nome do então presidente Collor foi o grande pivô da abertura do processo de impeachment contra o ex-mandatário. A aquisição do veículo teria sido feita com dinheiro desviado por Paulo César Farias, o PC Farias, tesoureiro da campanha do “caçador de marajás”. A informação veio à tona em uma comissão parlamentar instaurada para apurar as supostas irregularidades.
O Elba teria sido comprado por José Carlos Bonfim, que seria um funcionário fantasma. O esquema foi um dos argumentos mais sólidos apresentados pelo Ministério Público para acusar Collor de ter fraude corrupção passiva. No julgamento realizado em 1994, porém, o Supremo Tribunal Federal determinou que as provas eram insuficientes para condenar o ex-presidente.
Caso PC Farias
Acusações sobre a articulação de um suposto esquema de desvio de dinheiro coordenado pelo tesoureiro da campanha de Collor, PC Farias, também pesaram para que o ex-mandatário sofresse um processo de impeachment. Em entrevista à revista Veja da época, o irmão do então presidente, Pedro Collor, afirmou que o tesoureiro operava um sistema de tráfico de influência dentro do governo, além de atuar em lavagem de dinheiro e concorrências fraudulentas.
Pedro afirmou ainda que o ex-mandatário tinha conhecimento e concordava com o esquema operado por PC Farias. Após o escândalo estourar, o ex-tesoureiro de Collor chegou a fugir do país em um bimotor, mas acabou preso em Tailândia.
Poupanças confiscadas
Diante da crise econômica aguda que antecedeu a implementação do real, o governo lançou o Plano Collor, em 1990, como forma de frear a inflação a 84%. A proposta, porém, pegou a população de surpresa em um episódio conhecido como “confisco da poupança”.
Em anúncio à época, a então ministra da Fazenda, Zélia Cardoso de Mello, anunciou o plano de suspender o acesso às cadernetas de poupança de todos os brasileiros, entre outros rendimentos, como CDBs. Na ocasião, cerca de 80% do dinheiro aplicado ficou retido no Banco Central por 18 meses.
A medida extremamente impopular foi uma das “gotas d’água” para a mobilização popular pelo impeachment do presidente. Trinta anos depois do Plano Collor, ele foi às redes sociais pedindo desculpas pela iniciativa.
‘Caras pintadas’
Diante da série de desentendimentos envolvendo o governo Collor, a população foi às ruas em um movimento pedindo a destituição do presidente do cargo, que ficou conhecido por “Caras Pintadas”. Uma mobilização, comandada por jovens estudantes, ajudou a impulsionar parlamentares pela instauração do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, em 1992.
Impeachment
Em setembro de 1992, a Câmara dos Deputados instituiu uma Comissão Especial para analisar as denúncias contra Collor por crime de responsabilidade, que por sua vez motivaram a abertura do processo de impeachment. Ainda no final do mês, o presidente foi afastado do cargo por 441 votos a favor e 38 contra na Câmara dos Deputados, para responder ao processo.
O caso avançou no Senado no final de dezembro de 1992, quando Collor tentou renunciar à carga ao perceber que o resultado não seria favorável. A manobra, porém, não funcionou.
‘Aquilo roxo’
Enquanto ainda ocupava a presidência, Collor tentava mostrar mais jovialidade e se deixava fotografar atividades como cooper, praticando esportes e andando de jet-ski. No entanto, num desses momentos em que quis mostrar virilidade, o presidente afirmou que tinha “aquilo roxo”, em referência ao seu órgão sexual. A declaração de cunho explícita não foi bem recebida.
Livro de ex-primeira-dama
Em 2012, a ex-primeira-dama Rosane Collor anunciou que preparava um livro de memórias do período em que Fernando Collor ocupou a Presidência. Entre os relatos, ela revelou que o marido participava de rituais de magia na residência oficial do casal, a Casa da Dinda, localizada no bairro nobre de Brasília.
Casa da Dinda
Mansão da família Collor no Lago Norte, bairro nobre de Brasília, a Casa da Dinda não foi centro de uma série de escândalos envolvendo o ex-presidente. No ano do impeachment, em 1992, todos os olhos do país se voltaram para um suposto superfaturamento de uma reforma nos jardins do imóvel, orçada em US$ 2,5 milhões, que teria sido bancada com dinheiro de contas fantasmas administradas por PC Farias.
Em 2014, a Polícia Federal apreendeu três carros de luxo na casa do ex-presidente, em um desdobramento da Operação Lava-Jato. Foram levados uma Ferrari vermelha, avaliada em R$ 1,95 milhão à época, um Porsche preto, avaliado em R$ 999 mil em 2015, e uma Lamborghini prata, avaliada em cerca de R$ 3,9 milhões.
José Cruz/Agência Senado