

O Brasil é reconhecido mundialmente por sua diversidade ecológica. Essa riqueza é abrigada em seis biomas distintos: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa.
Cada um possui características diferentes, abriga espécies endêmicas e desempenha papéis fundamentais para o equilíbrio ambiental do país e do planeta. No entanto, todos enfrentam ameaças crescentes.
A seguir, especialistas explicam, em entrevista ao BNews, a importância de cada um desses biomas e os desafios que colocam em risco sua preservação.
Amazônia
Maior bioma brasileiro, a Amazônia cobre cerca de 49% do território nacional e se estende por nove países da América do Sul. Sua floresta densa, de clima quente e úmido, abriga a maior biodiversidade do planeta. É essencial na regulação do clima global, na produção de oxigênio e na conservação da água doce, já que a bacia amazônica possui a maior rede hidrográfica do mundo.
Apesar de sua importância, a Amazônia sofre com o desmatamento ilegal, garimpo, queimadas e expansão da agropecuária. A destruição de suas florestas coloca em risco milhares de espécies e ameaça a estabilidade climática do planeta.
Mata Atlântica
Segundo o biólogo Francisco Kelmo, a Mata Atlântica é “um dos biomas mais ricos e ameaçados do Brasil”. Estendendo-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, essa floresta abriga milhares de espécies exclusivas, além de ter um papel crucial na regulação do clima, na proteção do solo contra a erosão e na produção de água doce.
No entanto, menos de 12% de sua vegetação original ainda está de pé. O desmatamento, a fragmentação de habitats, a poluição e a caça predatória são as principais ameaças. Kelmo destaca a necessidade urgente de restaurar áreas degradadas e apoiar políticas públicas que envolvam comunidades tradicionais na conservação do bioma.
Caatinga
Presente principalmente no Nordeste, a Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, ocupando cerca de 10% do território nacional. Apesar do clima seco, abriga uma rica biodiversidade, com inúmeras espécies adaptadas às condições áridas e elevado índice de endemismo.
Kelmo aponta que, além da sua importância ecológica, a Caatinga é rica em recursos como minerais e água subterrânea. No entanto, enfrenta sérias ameaças, como desmatamento, uso predatório do solo e mudanças climáticas. “A preservação da Caatinga depende de políticas que incentivem práticas agrícolas sustentáveis e a criação de unidades de conservação”, reforça.
Cerrado
Conhecido como a savana brasileira, o Cerrado é o segundo maior bioma do país. De acordo com o biólogo Francisco Mattos, ele “guarda em torno de 5% de todas as espécies de plantas e animais do mundo” e funciona como uma “grande caixa d’água” que alimenta importantes bacias hidrográficas, como as dos rios São Francisco, Tocantins e Paraná.
Infelizmente, o Cerrado é também um dos ecossistemas mais ameaçados, devido à expansão agrícola e à pecuária intensiva. Mattos alerta: “quando o Cerrado é desmatado, os rios secam, o solo empobrece e todo o ciclo da natureza é afetado”.
Pantanal
O Pantanal é a maior planície alagável do mundo e possui um ciclo natural marcado por cheias e secas, que molda a vida de milhares de espécies. “É um paraíso para os bichos”, diz Francisco Mattos, destacando a presença de animais como a onça-pintada, a ariranha e mais de 650 espécies de aves.
Contudo, incêndios recorrentes têm devastado grandes áreas desse bioma. Em 2020, mais de 30% do Pantanal foi consumido pelo fogo, afetando cerca de 17 milhões de animais. “É de partir o coração”, lamenta o biólogo. Além disso, atividades como a pecuária intensiva e o avanço do turismo descontrolado também ameaçam a integridade do ecossistema.
Pampa
O Pampa, presente no sul do Brasil, é formado por extensas áreas de campos abertos, ricos em gramíneas e espécies exclusivas. Embora seja o menos conhecido entre os biomas brasileiros, sua importância ecológica é significativa, especialmente para aves migratórias e espécies adaptadas ao clima mais frio.
Segundo Mattos, o Pampa sofre com o avanço das monoculturas, como a de soja e arroz, e com o uso de agrotóxicos. Isso leva à perda de biodiversidade, empobrecimento do solo e ameaça à sobrevivência de espécies como o cardeal-amarelo e o papagaio-charão, ambas em risco de extinção.
Os seis biomas brasileiros são fundamentais para o equilíbrio ecológico do país e do planeta. Eles regulam o clima, mantêm os ciclos da água, conservam o solo e abrigam milhares de espécies. Porém, enfrentam pressões crescentes que colocam em risco toda essa riqueza.
Como enfatiza Kelmo, “é fundamental proteger as áreas remanescentes, restaurar as áreas degradadas e implantar políticas públicas eficazes”. Mattos complementa: “cada bioma faz um trabalho silencioso, mas essencial para a saúde da nossa casa comum”. Proteger os biomas brasileiros não é apenas uma questão ambiental — é uma necessidade vital para o futuro do Brasil e da humanidade.
Ilustrativa/Pixabay