

O uso de robôs em procedimentos cirúrgicos já é realidade em algumas áreas da medicina, porém um sistema autônomo que pudesse realizar uma cirurgia sem a ajuda da mão humana ainda não existia.
Por isso, um estudo publicado na Science Robotics na última quarta-feira (9) mostrou os resultados de um novo sistema, o SRT-H, que é capaz fazer uma cirurgia robótica de forma autônoma. O sistema foi testado em oito vesículas de porco (fora do organismo vivo), realizando 17 etapas da retirada da vesícula biliar, como aplicar clipes em ductos e artérias e fazer cortes precisos. Em todas situações o procedimento foi feito com sucesso. As informações são da Folha de São Paulo
“Nosso trabalho atual se baseia em anos de pesquisa, incluindo nosso estudo de 2022, quando o robô STAR realizou a primeira cirurgia robótica autônoma em um porco vivo”, disse Axel Krieger, um dos autores do estudo e especialista em robótica médica da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
“Nosso novo sistema, o SRT-H, representa um grande avanço —ele pode se adaptar a características anatômicas individuais em tempo real e responder a cenários imprevistos, assim como um cirurgião humano faria”, acrescentou.
O sistema robótico segue os passos de um procedimento cirúrgico utilizando linguagem natural, comandos semelhantes aos usados por humanos, como “mova o braço para a esquerda”. O robô é capaz, por exemplo, de perceber um erro e consertá-lo.
Apesar dos resultados, os pesquisadores pontuam que o robô ainda não foi testado em organismos vivos. A próxima etapa será verificar se o sistema consegue operar em cenários mais complexos, lidando com sangramentos, movimentação respiratória e outros fatores imprevisíveis presentes no corpo humano.
Para Krieger, o novo sistema aproxima a medicina de sistemas cirúrgicos autônomos clinicamente viáveis, com capacidade para atuar no mundo real da medicina. “No entanto, serão necessários muitos testes adicionais e aprovações regulatórias antes de qualquer aplicação clínica”, afirmou.
O diferencial do SRT-H é sua capacidade de lidar com a imprevisibilidade da cirurgia real: tecidos com formatos variados, que mudam de posição, e a necessidade de adaptação em tempo real. Para isso, o sistema usa inteligência artificial e aprendizado por imitação.
Com esse tipo de tecnologia, os cirurgiões podem assumir um papel de supervisão, sem precisar executar manualmente cada etapa do procedimento. “Nosso sistema demonstrou desempenho de nível especialista em múltiplos testes. Porém, ainda estamos nos estágios iniciais —nossos próximos passos envolvem treinar o sistema em mais tipos de cirurgias e expandir suas capacidades para procedimentos completamente autônomos”, concluiu Krieger. O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos.
uo-Tung Chen/ Divulgação/ Universidade Johns Hopkins